terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Alberto Caeiro


 Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a Natureza.
Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo: pensa, vendo e ouvindo. Recusa o pensamento metafísico, afirmando que “pensar é não compreender”. Elimina, assim, a dor de pensar  de Fernando Pessoa.
Caeiro é o poeta da Natureza, de acordo com ela e vendo-a na sua constante renovação. E porque só existe a realidade, o tempo é sem passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são a unidade do tempo.
Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo. Passeando a observar o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia da Natureza.
É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplação dos objectos originais. É o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objectividade das sensações e da realidade imediata (“Para além da realidade imediata não há nada”), negando mesmo a utilidade do pensamento.
Vê o mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim, e confessa que existir é um facto maravilhoso; por isso, acredita na “eterna novidade do mundo”. Para Caeiro o mundo é sempre diferente, sempre múltiplo; por isso, aproveita cada momento da vida e cada sensação na sua originalidade e simplicidade.
Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea e de impressões, sobretudo visuais, porque recusa a introspecção, a subjectividade. É o poeta do real objectivo.
Canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o combate ao vício de pensar, o ser uno, não fragmentado.

·O seu  discurso poético possui características oralizantes: vocabulário corrente, simples, frases curtas, repetições, frases interrogativas, recurso a perguntas e respostas, reticências;
·  Faz a apologia da visão como valor essencial;
·  Estabelece a relação de harmonia com a Natureza;
·  Rejeita o pensamento, os sentimentos e a linguagem porque desvirtuam a realidade (a nostalgia, o anseio, o receio são emoções que perturbam a nitidez da visão de que depende a clareza de espírito)

Sem comentários:

Enviar um comentário