quinta-feira, 3 de março de 2011

"Tempos Modernos"



    
Trata-se do último filme mudo de Chaplin, que focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamente após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda sociedade norte-americana, levando grande parte da população ao desemprego e à fome.
A figura central do filme é o personagem clássico de Chaplin que, ao conseguir emprego numa grande indústria, se transforma sem querer em líder grevista, conhecendo ao mesmo tempo uma jovem pobre por quem se apaixona. O filme focaliza a vida na sociedade industrial, caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à modernidade e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é "engolido" pelo poder do capital e perseguido pelas suas ideias consideradas subversivas.
Na segunda parte, o filme trata das desigualdades entre a vida dos pobres e das camadas mais abastadas. Mostra ainda que a mesma sociedade capitalista, que explora o proletariado, alimenta o conforto da burguesia. A cena em que ambos se encontram num grande Armazém ilustra bem essa questão.
Se inicialmente o lançamento do filme chegou a dar prejuízo, mais tarde tornou-se num clássico da história do Cinema. Chegou a ser proibido na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, acusado de "socialista".
A antológica imagem do homem pequenino engolido pelas gigantes engrenagens de uma máquina não pode, no entanto, levar-nos a pensar no filme estritamente como uma recusa à era industrial. Contudo, a sátira aos artefactos modernos não deixa de ser o seu ponto fulcral. Nele, Chaplin dá vida a um operário insignificante, sem nome e, portanto, metonímia dos milhões de trabalhadores anónimos que operavam nas linhas de produção das grandes indústrias da América e da Europa.
 Apenas um indivíduo entre tantos que precisa enfrentar a selva da cidade moderna, para tirar dela o seu sustento. O aspecto animalesco da cidade está patente não apenas na linha de montagem, que massacra a personagem, reprimindo os seus anseios de indivíduo, reduzindo-o à peça de uma maquinaria e, literalmente, engolindo-o. Também o notamos no turbilhão das ruas, repleto de pessoas que, no seu ir e vir, parecem viver à deriva e na violência com que as autoridades tratam o homem comum.
 
 
Nos minutos finais de "Tempos Modernos", quando as duas  personagens se vêem obrigadas a interromper a sua apresentação no café-concerto para empreenderem uma dramática fuga da polícia,    os símbolos mostram-nos que a esperança subsiste apesar do desespero: amanhece o dia e descortina-se o horizonte, imagem substituída pelo plano do casal de fugitivos.
A belíssima melodia "Smile" reconstrói, no plano musical, a atmosfera simultaneamente amarga e doce que é apresentada na tela.
A jovem, que desistira de lutar, é contagiada pela alegria de viver do amigo e segue com ele rumo ao desconhecido.
Um Mundo melhor... 
"Tempos Modernos" está entre os filmes mais conhecidos do actor e director Charles Chaplin, sendo considerado um marco na história do Cinema.



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