Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o Oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
O plantador de naus a haver
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o Oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
D. Dinis foi o nosso rei poeta que compôs inúmeras Cantigas de Amigo, poesias da Idade Média.
O ambiente de mistério é criado sobretudo na primeira estrofe: “um silêncio múrmuro” que só ao rei é dado ouvir “ o rumor dos pinhais (…) sem se poder ver”. Só o futuro os revelará como “ trigo/de império”; na segunda estrofe refere-se, ainda, “a fala dos pinhais ” que é um “marulho obscuro”.
D. Dinis é “o plantador de naus a haver”. A metáfora remete para os pinheiros plantados por D. Dinis, que são já virtualmente as naus das descobertas – o futuro adivinhado. O rei aparece assim como aquele que criou as condições para os descobrimentos, mandando plantar as árvores de cuja madeira se construíram as naus.
Nos versos 6 e 7 o cantar jovem e puro é apresentado como um regato (arroio) que corre em direcção ao oceano. Também estes versos encerram a ideia de que neste passado se adivinha já o futuro.
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