Em termos formais, o poema é constituído por três estrofes, de quatro versos (quadras). Quanto ao metro, os versos são irregulares. O sujeito poético inicia o poema com uma apóstrofe ao Senhor, referindo-se a um tempo de grandeza anterior. A esse período sobreveio a noite e a pequenez de espírito (a alma é vil), desprezando a grandeza do Passado. A expressão “a noite veio” implica a existência prévia do dia, e se o dia foi o tempo de grandeza, a noite será o tempo de abatimento, tristeza e destruição. No passado situam-se as tempestades (tanta foi a tormenta) e o sonho (a vontade). Note-se a frase exclamativa, que confere ao discurso grande emotividade. As dificuldades foram muitas mas a atitude assumida pelo povo (nós) foi de vontade para as ultrapassar. O desalento é o sentimento assumido pelo sujeito poético e que deve ser também assumido pelos outros. Resta o silêncio e a saudade, após a conquista do mar.
Estamos portanto diante de um Portugal marcado pela indolência (pelo silêncio hostil), pelo apego às coisas materiais, sem capacidade de sonhar (a alma é vil), em contraste com um passado de tormenta e vontade.
A segunda estrofe, introduzida pela conjunção adversativa mas, opõe-se à primeira que começa pela afirmação do desalento com a situação presente, em que apenas restam “o mar universal e a saudade”. A mão do vento (notem-se a metáfora e a personificação) pode erguer novamente a chama, porque enquanto há vida (ainda não é finda) existem a esperança e o sonho, que podem ainda ganhar força. Tal como o fogo quase extinto pode ser reavivado por um sopro, a Alma portuguesa pode ainda levantar-se. A repetição de ainda reforça a ideia de que nada está perdido e de que com uma atitude diferente tudo se pode alterar. Note-se a utilização do adjectivo morto, que terá o sentido conotativo de ocultar uma vida renovada como a Fénix, que surge das cinzas.
Na terceira estrofe, em consonância com o título, o sujeito poético, em tom de súplica, pede que um “sopro” divino ajude a atear a “chama do esforço”, ainda que se tenha de pagar com “desgraça” ou suportar o peso da “ânsia”. Os dois últimos versos recordam-nos os do poema Infante: “ Cumpriu-se o mar, e o Império se desfez! Senhor, falta cumprir-se Portugal!”.
A Distância é o caminho para o conhecimento: no último verso reforça-se a ideia de que é necessário procurar a identidade e o prestígio nacionais perdidos. Estes dois versos traduzem a crença num futuro. Tendo-se cumprido o mar, é necessário conquistar novamente a Distância para que se cumpra Portugal.
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